quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Meu amor,

Na ausência de tempo que o próprio tempo não conta, a saudade não chora, já não mata, já não magoa, mas fica, mas vai, como todo o tempo que corre e que passa, mas que não se afasta de nós. Não nos afasta de nós. Nos cantos dos meus olhos que sonham, é tão cuidadoso o brilho de cada olhar.
Como até aqui, o que parte e o que fica são pedaços de nós. Que não morrem e não se perdem. E quando tudo parecia certo agarrei as certezas que ouvia na noite serena e luminosa como já não se vê igual. E apenas nessa noite escrevi as cartas que nunca tive coragem de te enviar. Talvez por ter medo que as palavras que te escrevi não fossem as que te descrevessem melhor. Talvez porque…
Incertezas que não partem ou que não param com o tempo. Ao menos sabes o quanto se perde nessas mesmas incertezas que o coração nem sequer tem coragem de me ouvir sussurrar. Também não queres perder as memórias e os gestos.
Um bilhete. Um único bilhete é tudo o que me leva ao que tínhamos e ao que ainda resta em nós. Apenas quero dar-te o mundo.
Abraça-me por isso e porque o queres. Não desenlaces o abraço que mais força me deu até aqui. Dá-me a mão, apenas isso e o teu abraço. Tens magia nas pontas dos dedos. E tudo o que pensamos foram sonhos, mas tudo o que abraçamos são certezas e realidade escrita por nós.
Ainda é noite, fecha os olhos comigo. O dia não chega e na ansiedade que nos envolve e inquieta agarraste-me a mão com o teu jeito que não esqueço e com a mão no meu rosto contornas-te os meus lábios com o sorriso nos olhos. E num gesto repetido eu contornei os teus com os meus. Fechamos os olhos e num beijo que até hoje não houve igual eu disse-te que era feliz. Contigo, nada mais precisava. E não preciso por te ter.
Só peço, vem comigo. Sei que virás e que te voltarei a envolver num abraço mais forte. Está escuro e há silêncio lá fora e na ausência de tempo que o próprio tempo já não conta, o tempo voltou a parar por esta liberdade e este amor. No tiquetaque desconcertado do relógio, nos ponteiros que o coração não suporta, o meu coração bate ao ritmo do teu.
Foram tudo palavras e promessas cumpridas. Vem comigo, já não há mais medos dentro de nós, tudo o resto são barreiras quebradas e ultrapassadas.
Vem, fica, com todo este amor. Meu amor.

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